sábado, 6 de novembro de 2010

DEZ ESTADOS DA VIDA

Edição 2058 - Publicado em 06/Novembro/2010 - Página A5

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Bodhisattva — onde está sua felicidade? Em salvar ou em ser salvo?


O objetivo da prática do Budismo Nitiren está na Erudição e na Absorção?
Não. Esses dois estados sozinhos não nos l ibertam da Escuridão Fundamental. Semelhante ao estado de Alegria, no momento da realização, tendemos a nos engrandecer com nossa própria importância. Nesses dois estados, é muito fácil acreditar que se alcançou a mais elevada iluminação.

Exemplo


Um médico faz uma importante descoberta científica e decide patenteá-la. Devido à descoberta, ele se sente especial diante de outros médicos. Esquecendo-se do propósito fundamental da medicina, ele manterá segredo até o dia em que possa apresentá-la para a sociedade científica e receber aplausos estrondosos. Sua descoberta não o levou a atingir a verdadeira iluminação, mas fez crescer sua vaidade e egoísmo.

O perigo do poder


Devido à grande capacidade, as pessoas nos estados de Erudição e Absorção ocupam funções de poder. Tais posições permitem que suas ações sejam benéficas para as pessoas. Mas uma vez dominadas pela maldade inerente, podem causar grandes estragos. Um homem comum dominado pela maldade pode ferir os outros com uma arma de fogo; mas grandes líderes tornaram real a possibilidade de destruir toda a humanidade com o simples apertar de um botão.

A solução


O que possibilita que uma pessoa se torne um líder sábio e benevolente e beneficie muitas pessoas são os estados de Bodhisattva e Buda. Nesses estados, a pessoa não é dominada pela maldade. Por quê?

Diminuindo a energia vital


“Quando ocorre um infortúnio, as pessoas tendem a imaginar que não há ninguém mais miserável que elas. Em consequência disso, elas se atolam em lamentações, esquecendo-se de tudo e de todos. No entanto, ao ficarem completamente envolvidas apenas com seus sofrimentos, cultivando sentimentos de descontentamento e desesperança, diminuem ainda mais sua energia vital.“ (Brasil Seikyo, edição no 1.509, 22 de maio de 1999, pág. 3.)

Aumentando a energia vital


“Quando nos preocupamos com outros e os encorajamos a extraírem a força para viver, nossa própria força vital aumenta. Quando incentivamos as outras pessoas a expandirem seu estado de vida, nossa vida se expande simultaneamente. Essa é a maravilha do caminho de Bodhisattva; as ações dedicadas ao bem-estar dos outros estão completamente ligadas às ações para beneficiar a nós próprios.” (Ibidem.)
Felicidade é
aumentar a energia vital
Para vencer a escuridão, a pessoa no estado de bodhisattva sabe que é preciso fortalecer sua energia vital. Sua vitalidade aumenta à medida em que ela ajuda os demais. Partindo dessa premissa, os bodhisattvas se esforçam para ajudar as pessoas a se tornar felizes, mesmo que tenham de adiar sua própria felicidade. A satisfação pessoal não é um obstáculo para o fortalecimento da energia vital.

Motivação sincera


Do ponto de vista de alguém que habita os baixos estados, pode parecer que o bodhisattva age por interesse, mas isso não é verdade. Sua motivação é sincera porque ele age de coração.

O interesseiro


Como diferenciar um bodhisattva de um interesseiro? Pela vitalidade. Alguém que ajuda as outras pessoas por interesse pessoal não possui vitalidade. Ele ajuda as pessoas, porque espera por salvação como resultado desse ato. A felicidade, sua fonte de vitalidade, está em ser salvo. Como a salvação demora ou nunca chega, ele vive sem energia vital e sua vida se resume a andar em círculos, como um cachorro perseguindo o próprio rabo.

Mas um bodhisattva não quer ser salvo?


Quer sim. A capacidade de extrair energia vital do ato de salvar os outros já é a maior prova de que ele foi salvo. A fonte da vitalidade está no ato de salvar, e oportunidade para isso ele tem de sobra. Logo, tudo fortalece sua vitalidade. O caminho do bodhisattva, conforme o Sutra de Lótus, é tomar o remédio sem ter de se preocupar com a cura.

O presidente Ikeda comenta


“Parece-me que são os laços humanos, o desejo de viver pelo bem dos outros, que podem nos dar a força para sobreviver em meio a tais infortúnios. Enquanto a pessoa estiver dominada pelo egoísmo, não haverá felicidade. Somente quando ultrapassamos nossos limites e agimos em prol de outras pessoas é que nossa vida pulsa com vitalidade.” (Ibidem.)

Um exemplo do Holocausto


Em outras palavras, quando ajudamos os outros, estamos ajudando a nós próprios. Um sobrevivente dos campos de concentração do Holocausto atribuiu sua sorte de continuar vivo por acreditar firmemente nisso. Ele disse: ”Em nosso grupo, compartilhávamos tudo; e no momento em que alguém do grupo comia algo escondido dos outros, ­sabíamos que ali começava seu fim”.

Outro exemplo do Holocausto


Outro sobrevivente explicou que compreendeu o verdadeiro significado da amizade no campo de concentração. Ele relata: ”Quando eu era criança, pessoas estranhas me protegiam com o corpo das tempestades de vento, pois não tinham nada mais a oferecer exceto sua própria vida.”

O correto caminho da vida


“Restringir-se ao mero ato de falar sobre beneficiar os outros equivale à arrogância. Limitar-se a apenas pronunciar as palavras ‘salvar as pessoas’ é sinônimo de hipocrisia. Somente quando compreendem que nossos esforços em prol das outras pessoas são também para nosso próprio bem é que podemos considerar que estamos praticando com verdadeira humildade. Nossa própria vida e a vida das outras pessoas são definitivamente inseparáveis. Portanto, o caminho de bodhisattva é o correto caminho na vida.” (Ibidem.)

A relação entre os estados
de Bodhisattva e Buda


Um coração direcionado à Lei e às pessoas está designado para o estado de Buda. Na verdade, à luz do princípio da simultaneidade de causa e efeito, o estado de Buda já existe em tal coração.

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