quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Espírito de Gratidão.


1a parte

No escrito “Retribuição aos débitos de gratidão”, o Buda Nitiren Daishonin observa: “A velha raposa jamais esquece a colina onde nasceu; a tartaruga branca retribui a gentileza que havia recebido de Mao Pao. Se mesmo criaturas inferiores sabem o suficiente para agir assim, então os seres humanos deveriam fazê-lo muito mais!”. (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 4, pág. 17.)
Neste escrito, Nitiren Daishonin nos ensina a importância de retribuir à dívida de gratidão com os pais, o mestre, os três tesouros do budismo e o soberano, também conhecidos como “os quatro débitos de gratidão”. Algumas fontes citam o débito de gratidão com todos os seres vivos.
Ele ressalta a importância de saldar o débito de gratidão como uma atitude fundamental do comportamento humano. Enfatiza especificamente a dívida com o mestre e afirma que, para retribuir tal dedicação, a pessoa deve compreender o budismo e atingir a iluminação. Para isso, ela deve se dedicar com determinação à prática budista sendo que, para atingir a iluminação, deve também praticar o ensino correto. Mas qual é o ensino correto?
Os Três Tesouros constituem um importante princípio que se refere aos três elementos essenciais que definem a linhagem de uma doutrina budista. Servem para analisar se a linhagem do budismo está sendo transmitida de acordo com o ensino do fundador.
Os Três Tesouros são: Tesouro do Buda, que se refere ao próprio Buda; Tesouro da Lei, que corresponde ao ensino revelado pelo Buda; e Tesouro do Sacerdote, que se refere ao discípulo ou à ordem budista que herda, transmite e propaga a Lei ou o ensino do Buda. No Budismo Nitiren, o Tesouro do Buda refere-se a Nitiren Daishonin; o Tesouro da Lei, ao objeto de devoção (Gohonzon); e o Tesouro do Sacerdote, a Nikko Shonin, o sucessor imediato de Nitiren Daishonin.
O termo honzon, de Gohonzon, é uma denominação genérica de diversos tipos de objetos de devoção adotados por diferentes religiões. Como uma maneira para indicar de forma específica o objeto de devoção inscrito por Nitiren Daishonin, colocou-se o prefixo de tratamento go, que denota respeito, consideração, honra etc.
Existem muitos grupos religiosos que se dizem seguidores do Budismo Nitiren. Por isso, a aplicação do critério dos Três Tesouros é a forma mais correta para julgar a legitimidade deles.
Além da fé e da prática, o budismo dá ênfase ao estudo para que as pessoas não sigam cegamente uma doutrina que não corresponde aos critérios dos Três Tesouros. Ao estudar os escritos de Nitiren Daishonin, os leigos chegam à conclusão de que Nitiren Daishonin é o Tesouro do Buda, que o honzon inscrito em 12 de outubro de 1279 é o Tesouro da Lei e que Nikko Shonin é seu legítimo sucessor, ou Tesouro do Sacerdote. Portanto, o Gohonzon que os membros da SGI abraçam pertence à linhagem de Nikko Shonin, isto é, refere-se ao Gohonzon transferido por Nitiren Daishonin para ele, o Tesouro do Sacerdote. A Soka Gakkai é a única associação de leigos budistas dos tempos atuais que perpetua os Três Tesouros do Budismo Nitiren.


2a e última parte

Na prática, ou seja, na vida diária, de que forma podemos saldar os débitos de gratidão, conforme ensinado pelo Buda Nitiren Daishonin?
Por ter a boa sorte de abraçar o ensino do Nam-myoho-rengue-kyo, devemos recitá-lo diariamente “sem poupar a própria vida”.
Em um diálogo sobre o Sutra de Lótus, o presidente da SGI, Daisaku Ikeda, explica o conceito de praticar a Lei Mística “sem poupar a própria vida”: “O ensino fundamental do Sutra de Lótus e do Budismo Nitiren expõe que as pessoas comuns — exatamente da forma como são — devem viver como seres humanos, declararem-se seres humanos e empreender sinceros esforços em prol da felicidade das outras pessoas. Essa atitude equivale a dedicar-se totalmente à luta, levantar-se contra as adversidades. Isso é o que significa praticar sem poupar a própria vida”. (Brasil Seikyo, edição no 1.544, 19 de fevereiro de 2000, pág. A3.)
Ou seja, é viver desafiando a si mesmo, enfrentar corajosamente as próprias fraquezas em meio à realidade da vida diária.
A recitação do Nam-myoho-rengue-kyo engloba a “fé” e a “prática”. A “fé” é um desafio pessoal que implica orar com total convicção o Nam-myoho-rengue-kyo, ou seja, recitar diariamente o Gongyo e o Daimoku. E a “prática” refere-se a recomendar essa recitação a outras pessoas para despertar nelas o desejo de praticar o Budismo Nitiren. Portanto, “sem poupar a voz” significa recitar e propagar o Nam-myoho-rengue-kyo com toda a convicção, realizando o Chakubuku (ensinar o Budismo a outras pessoas) de forma incansável visando a felicidade de si e de outras pessoas, independentemente de quem sejam.
Em uma carta endereçada a seu jovem discípulo, Nanjo Tokimitsu, o Buda Nitiren Daishonin conta a história de um menino chamado Vitoriosa Virtude que, não tendo nada a oferecer ao Buda Sakyamuni, moldou um bolo de lama e ofereceu-lhe sinceramente. Devido a esse nobre sentimento, esse menino nasceu em uma existência posterior como o rei Asoka. Nitiren Daishonin declara: “No entanto, o Buda Sakyamuni ensina que a pessoa que faz oferecimentos ao devoto do Sutra de Lótus nos Últimos Dias, mesmo por um único dia, receberá benefícios cem, mil, dez mil, um milhão de vezes maiores do que se tivesse oferecido incontáveis tesouros ao Buda por um milhão de kalpas”. (The Writings of Nichiren Daishonin, pág. 1.097.)
Referindo-se a essa história, o presidente da SGI, Daisaku Ikeda, afirma que as pessoas que se dedicam em prol do Kossen-rufu estão diretamente ligadas a Nitiren Daishonin, e os benefícios serão tão imensos que não há como medi-los.
Avançar ininterruptamente com o mestre sem se abalar pelos obstáculos e maldades que tentam tirar a alegria de viver pelo grande ideal de concretizar o Kossen-rufu é também uma forma de retribuir os débitos de gratidão.

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